Foi esta a resposta de JEB para a grande maioria das perguntas (as mais pertinentes pelo menos) dos jornalistas. Confesso que mesmo eu, o mais céptico desta administração desde sempre, fiquei chocado com tal resposta.
Mas analisando muito sinteticamente a conferência de imprensa:
Por parte de Paulo Bento, ficou a impressão que todos temos dele: um homem honesto, humilde e que por vezes toma decisões mais emocionais que racionais. Nao o recrimino: a sua profissão tem disso mesmo: capacidade tactica e capacidade de motivacao. Qual dos dois atributos o mais importante? Dificilmente alguém poderá dizer um em detrimento do outro. Portanto o Paulo tinha a consciência de que o seu ciclo deveria ter acabado há 4 meses atrás e que na altura quiçá nao tivesse sido essa a melhor decisão para o Sporting. Eu concordo. Mas nao o recrimino. Nas nossas vidas tomamos decisões que por vezes vão contra todo e qualquer aspecto racional, apenas porque somos empurrados/sugestionados por algo pouco visível mas que pode parecer grandioso, se o pintor for bom.
Portanto, nao houve surpresas neste aspecto, embora tenha achado curioso o atestado de incompetência passado muito subtilmente ao senhor que se encontrava do seu lado direito.
O que me leva a falar de JEB. O que é que este homem disse?
1 - Começou por dizer que o Paulo Bento estava nos corações de 90% dos sportinguistas. Esta lógica separatista é, desde logo, inaceitável. Nao tendo argumentos para justificar o fracasso que está a ser o seu desempenho, JEB refugia-se constantemnente no apoio maciço que teve nas urnas (por uma minoria dos associados e adeptos). Mas, pior que isso, afirma que os sportinguistas que criticam as suas decisões detestam o Paulo Bento. Ora, isso está longe de ser verdade. Nao conheço nenhum sportinguista inteligente (e incluo a malta dos blogs que regularmente leio) que não goste do Paulo Bento. Todos gostamos muito dele e nunca ouvi ninguem por em causa a sua boa-intencionalidade. Mas, como o próprio identifica, ele simplesmente não era o homem certo para o cargo neste ultimo ciclo. E é apenas isso que, pegando na obsessao do JEB, os restantes 10% reclamam. E pelos vistos estão certos (obrigado Paulo Bento por nos dares razao)
2-afirmou que não sabe se o Sporting de hoje merece um homem como o Bento. Uma outra farpa contra o desagrado dos adeptos. JEB mostra-se desgastado e, incapaz de dar provas de lideranca, vai para o ataque neurótico, acusando os sportinguistas reclamões de não terem a grandeza moral de um homem como o Paulo Bento.
3-JEB afirma depois não ser capaz de demitir Paulo Bento. Ora bem, eu desejo ter no meu clube um Presidente capaz do que quer que seja para o benefício do clube, dentro da legalidade e regras de boa educacao, claro está. Onde é que já se viu o contrário?
4-Logo a seguir confessa que a demissão de Bento é uma perda irreparável enquanto companheiro e amigo. Eu sugiro então que se encontrem para uns jantarinhos de vez em quando, para o JEB não ficar triste (isto é, que raio tem os aspectos pessoais de JEB a ver com os interesses da sua profissão??)
5-Como muito bem diz, Bento não mistura conhaque com trabalho e que por isso é que o treinador se demitiu. Impressão minha ou isto é dizer que ele proprio não consegue separar o conhaque do trabalho?? Os jornalistas do Público não tê medo em concordar com esta análise.
6-JEB ao longo da conferência refere aspectos emocionais como decisivos na sua gestão - nomeadamente o apreço que tem pela pessoa do Paulo Bento. Eu pergunto-me se foi nessa base, e nao na base racional e estratégica (que Paulo Bento aparentemente tem) que geriu o Santader e o que diriam os accionistas desse banco perante discursos desta natureza.
7-Gelei quando JEB confessou que já estava à espera deste desfecho, mas nada fez para preparar uma alternativa. Nem eu próprio esperava isso. Não posso crer em tamanha incompetencia e ingenuidade. E chegou mesmo a dizer: nao estou preparado para essa pergunta.
Ao fim e ao cabo, JEB tem um discurso à laia de George W Bush, acreditando num mundo de pretos e brancos, de os maus contra os bons, análise inimiga da realidade, por desrespeitar as subtilezas - os cinzentos - do comportamento humano, para nao falar do mundo do desporto.
Ao elogiar o Paulo Bento como o herói Braveheart, e colocando-se do seu lado, JEB crê ganhar a simpatia dos adeptos. Se é eficaz ou nao, não sei dizer. A maior parte das pessoas prefere acreditar neste mundo de Hollywood.
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