Tal jogador, tal director: Lento

Foi com algum espanto que vi o que Paulo Bento disse sobre a competência de Pedro Barbosa como director desportivo. Segundo Paulo Bento, “Pedro Barbosa fez o seu trabalho e tentou ser o mais competente possível. Com mais meios teria outra visibilidade: veja-se o caso de Rui Costa no Benfica; Cardozo, Saviola, Denis e Dátolo, foram observados, mas faltaram meios para concretizar as transferências".

A competência de Pedro Barbosa não se via pelos jogadores que observava, pelos jogos que assistia, pelas vedetas que reconhecia. Ver bons jogadores, reconhecer que Cardozo, Saviola e afins (já agora faltou a referência ao Weldon que também deve ter sido observado e era caro!) têm valor para jogar no Sporting, qualquer pessoa que perceba de futebol não tem dúvidas. Se Paulo Bento tivesse dito que Pedro Barbosa era competente, mas não tinha meios, uma vez que observava Kakás, Ronaldos, Benzemas, Messis e afins seria tão ridículo quanto o que disse.

O que se exigia a Barbosa não era que visse bons jogadores. Exigia-se a Barbosa que soubesse o orçamento que tinha, e mediante esse orçamento observasse jogadores que o Sporting tivesse dinheiro para pagar. Observar-se jogadores e só depois percebermos que não temos dinheiro para pagar, é inverter a lógica das coisas. Não só revela perda de tempo (ineficiência), como acarreta gastos. E uma pessoa que numa empresa é fonte de gastos sem ser eficiente, é um incompetente.

Então o que deveria ter feito Barbosa? Sabendo que não podíamos contratar o que FC Porto e Benfica contratam, Barbosa dever-se-ia ter focado nos mercados onde as restantes catorze equipas da Liga Sagres se abastecem. E porquê? Para não nos virem com a justificação que não contratamos ninguém da Liga Sagres porque os clubes pedem demasiado pelo passe dos jogadores, apesar do valor dos mesmos. Claro que esses clubes que descobrem pérolas por tuta-e-meia, com directores desportivos a ganhar um décimo do que ganhava Barbosa, têm que tirar partido disso mesmo. O Sporting devia “roubar” (não no sentido em que o FC Porto faz ao Benfica, até porque não tem dinheiro para brincar às transferências, mas no sentido de antecipar) os jogadores aos ditos pequenos, evitando que os bons jogadores de fora façam escala, se valorizem, e vejam os passes inflacionados, não permitindo que o Sporting contrate nenhum jogador a qualquer clube português e se ande a alimentar de jogadores em fim de carreira ou a custo zero, que apenas têm de preencher um requisito, que não o de qualidade: o facto de não terem vindo directamente da academia.


Ps. A história que Paulo Bento contou fez me lembrar o Norton de Matos quando andou pelo torneio de Toulon a observar jogadores para o Vitória. Talento havia, mas que foi lá fazer o Norton? O Vitória estava na segunda divisão! Haveria dinheiro para contratar alguém? Quantos jogadores trouxeram o Norton de lá? Não soubéssemos nós o quão responsável é o Norton pelo estado a que o Sporting chegou e tudo isto daria vontade de rir….