Hoje estou em êxtase futebolístico pelo Benfica. Quem me ouve (e lê) falar de futebol nos últimos tempos sabe que não tenho tido muitos destes episódios ultimamente. E o Benfica nem ganhou nenhuma competição, nem sequer chegou a uma final. No entanto, venceu um jogo emotivo, com duas boas equipas, em que foi claramente superior e a coisa chegou a estar negra. Este foi um daqueles jogos pelo qual vale a pena pagar o bilhete ou, no meu caso, cancelar uma reunião (quando estou num périplo pela Beira Alta) e ir para um tasco beber penalties de tinto a empurrar um bitoque sendo eu o único com dentição completa e menos de 50 anos no lugar. Valeu a pena gritar golo, quando a bola ia quase quase, e saltar da cadeira aos berros quando foi mesmo. Isto entre desconhecidos.
Algumas observações:
Do prazer de vencer um simples jogo
Há jogos e jogos e as circunstâncias muitas vezes são mais importantes que o prémio. O Benfica não atingiu nada neste jogo que fique nos registos históricos mas eliminou uma equipa do “seu campeonato”, no terreno adversário, sendo claramente superior e anulando a desvantagem trazida da Luz. E com isto conquistou um importante marco de auto-estima.
O jogo foi vibrante, houve reviravolta no marcador, o Lucho que volte para o Porto que está perdoado – e os nossos amigos azuis do norte são uma equipa mais interessante que o Marselha seu pesetero.
Das ocorrências do jogo
O Marselha começou melhor, aproveitando uma superioridade física para meter a bola nos espaços e destroçar a tentativa de pressão do Benfica sobre o portador. O Benfica falhava passes e revelava alguma intranquilidade. Mas, aos poucos, foi subindo e o remate de cardozo ao poste deu uma clara indicação às duas partes de que o Marselha se devia pôr a pau. A segunda parte é nossa, apesar do golo marselhês, e se o resultado fosse mais dilatado ninguém estranharia.
Dos heróis improváveis
Maxi volta a marcar, de fora da área e com uma tabela. Kardec, a máquina fotográfica brasileira (como diria o nosso amigo André Martins), enfia uma batata à ponta de lança num momento dramático de fim de jogo.
Da burrice de Jorge Jesus
Já o disse a algumas pessoas: sinto muitas vezes que Jorge Jesus é burro. Eu sei que está na moda idolatrar as competências do “incompreendido” Jesus que só não é considerado um treinador top porque masca de boca aberta e não sabe falar português. Parece-me que o senhor tem um grande mérito que lhe mereceu carinho e respeito dos jogadores: não dá a sua (dos jogadores) formação acabada quando saem das escolas dos clubes e, se necessário, volta aos básicos para que aprendam o que ainda falta. Acho isto muito importante em Portugal quando a generalidade dos jogadores parece chegar aos seniores com pouca noção do jogo e apenas com maturidade técnica.
No entanto, mantenho, tenho fortes suspeitas que Jesus seja um básico e não estou a falar dos seus social skills ou das suas maneiras à mesa.
Mas o que queria dizer é que no jogo de Marselha Jesus foi inteligente. Inteligente quando pôs Carlos Martins que fez um bom trabalho a criar algumas tabelas e a ganhar bolas a Lucho. Inteligente quando manteve o 11 em campo percebendo que estavam a dar conta do recado e precisavam apenas de tempo. Inteligente a lançar Aimar por Saviola para manter alguém com controlo curto de bola no último terço. E, por fim, inteligente a mandar o Kardec que, viu-se, entrou com o golo engatilhado.
Do árbitro
Favoreceu a casa, o que é normal, e não vislumbrei a palavra escândalo que sei q se preparava já para ser atirada. Não ver o penalty sobre Ramires é para ceguinhos mas acontece. A parte disciplinar, enfim…
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