18.3.10

grandes jogos sem medalha

Hoje estou em êxtase futebolístico pelo Benfica. Quem me ouve (e lê) falar de futebol nos últimos tempos sabe que não tenho tido muitos destes episódios ultimamente. E o Benfica nem ganhou nenhuma competição, nem sequer chegou a uma final. No entanto, venceu um jogo emotivo, com duas boas equipas, em que foi claramente superior e a coisa chegou a estar negra. Este foi um daqueles jogos pelo qual vale a pena pagar o bilhete ou, no meu caso, cancelar uma reunião (quando estou num périplo pela Beira Alta) e ir para um tasco beber penalties de tinto a empurrar um bitoque sendo eu o único com dentição completa e menos de 50 anos no lugar. Valeu a pena gritar golo, quando a bola ia quase quase, e saltar da cadeira aos berros quando foi mesmo. Isto entre desconhecidos.
Algumas observações:
Do prazer de vencer um simples jogo
Há jogos e jogos e as circunstâncias muitas vezes são mais importantes que o prémio. O Benfica não atingiu nada neste jogo que fique nos registos históricos mas eliminou uma equipa do “seu campeonato”, no terreno adversário, sendo claramente superior e anulando a desvantagem trazida da Luz. E com isto conquistou um importante marco de auto-estima.
O jogo foi vibrante, houve reviravolta no marcador, o Lucho que volte para o Porto que está perdoado – e os nossos amigos azuis do norte são uma equipa mais interessante que o Marselha seu pesetero.
Das ocorrências do jogo
O Marselha começou melhor, aproveitando uma superioridade física para meter a bola nos espaços e destroçar a tentativa de pressão do Benfica sobre o portador. O Benfica falhava passes e revelava alguma intranquilidade. Mas, aos poucos, foi subindo e o remate de cardozo ao poste deu uma clara indicação às duas partes de que o Marselha se devia pôr a pau. A segunda parte é nossa, apesar do golo marselhês, e se o resultado fosse mais dilatado ninguém estranharia.
Dos heróis improváveis
Maxi volta a marcar, de fora da área e com uma tabela. Kardec, a máquina fotográfica brasileira (como diria o nosso amigo André Martins), enfia uma batata à ponta de lança num momento dramático de fim de jogo.
Da burrice de Jorge Jesus
Já o disse a algumas pessoas: sinto muitas vezes que Jorge Jesus é burro. Eu sei que está na moda idolatrar as competências do “incompreendido” Jesus que só não é considerado um treinador top porque masca de boca aberta e não sabe falar português. Parece-me que o senhor tem um grande mérito que lhe mereceu carinho e respeito dos jogadores: não dá a sua (dos jogadores) formação acabada quando saem das escolas dos clubes e, se necessário, volta aos básicos para que aprendam o que ainda falta. Acho isto muito importante em Portugal quando a generalidade dos jogadores parece chegar aos seniores com pouca noção do jogo e apenas com maturidade técnica.
No entanto, mantenho, tenho fortes suspeitas que Jesus seja um básico e não estou a falar dos seus social skills ou das suas maneiras à mesa.
Mas o que queria dizer é que no jogo de Marselha Jesus foi inteligente. Inteligente quando pôs Carlos Martins que fez um bom trabalho a criar algumas tabelas e a ganhar bolas a Lucho. Inteligente quando manteve o 11 em campo percebendo que estavam a dar conta do recado e precisavam apenas de tempo. Inteligente a lançar Aimar por Saviola para manter alguém com controlo curto de bola no último terço. E, por fim, inteligente a mandar o Kardec que, viu-se, entrou com o golo engatilhado.
Do árbitro
Favoreceu a casa, o que é normal, e não vislumbrei a palavra escândalo que sei q se preparava já para ser atirada. Não ver o penalty sobre Ramires é para ceguinhos mas acontece. A parte disciplinar, enfim…

Sem comentários: