12.4.10

Para que serve o capitão?


É uma eterna pergunta entre os adeptos de futebol e aqueles que o praticam e nos dias que correm a complexidade da resposta tem vindo a aumentar.

Nos meus tempos de atleta federado achei sempre absurdo que os meus treinadores optassem por dar a braçadeira aos guarda-redes. Absurdo pois devido às suas características geográficas passam a maior parte do tempo arredado das zonas de potencial conflito durante uma partida, onde a presença de um capitão pode ser preponderante. Mas o capitão não serve apenas para acalmar ânimos ou discutir com o árbitro (essa actividade ridícula e incontornável) e concebo a entrega dessa responsabilidade ao guarda-redes se este de facto tiver uma influência determinante na motivação e disciplina dos colegas. É fácil imaginar jogadores como Damas, Kahn ou Schmeichel carregarem a braçadeira. Outros como Baía terão calçado a dita por questões mais relacionadas com longevidade e densidade da pronúncia nortenha do que outra coisa.

O que me leva ás perguntas: por que é a longevidade um factor tão determinante na atribuição da braçadeira? Importa realmente ter um fulano sem atributos de liderança como capitão só por ser o elemento mais antigo da equipa? E quão saudável é ter-se como capitão um jogador acabado de chegar ao plantel?

Tive sempre a sensação de que em Portugal devido à falta de objectividade natural da população os parâmetros relevantes nem sempre foram tidos em conta neste tipo de decisões. Só isso explica que jogadores como Custódio ou Ricardo tenham sido capitães no Sporting, por exemplo - o acaso e a longevidade como elementos determinantes. Já Arsene Wenger não hesitou muito em dar a braçadeira a Gallas, recém-chegado ao clube, oriundo de um rival londrino.

Mas outro factor tem sido cada vez mais essencial na escolha do capitão: o marketing. É triste que assim seja, mas não há outra razão para o embaraçoso exemplo do Cristiano Ronaldo na Selecção Nacional. Um jogador fabuloso, com uma mentalidade ganhadora inigualável, mas que cujo individualismo, cultura e discurso parecem-me incompatíveis com as caraterísticas que um líder deve ter. Pergunto-me que pressões terá a Gestifut feito em Queiroz para que esta decisão tivesse sido tomada.

Em Inglaterra Ronaldo não teria a mínima chance de sequer sonhar em ser o terceiro capitão da Selecção. Os ingleses consideram que o capitão de uma equipa nacional é o capitão de todo um povo e levam o assunto o mais sério possivel (vide caso John Terry).

Mas por cá pelos vistos poucos se importam com o facto do capitão da Selecção ter ar de mariconço parvalhão, prestes a zarpar para uma ilha grega festiva com o George Michael, Freddy Mercury, Luís Goucha e Herman José com o objectivo de apanharem o maior número de DSTs possível, o que não deixa de ser paradoxal tendo em conta sermos uma nação muito mais homofóbica que a britânica.

13 comentários:

Às de copas de chocolate disse...

Cisto,

queres-nos contar alguma coisa...esse teu último parágrafo e a tua ida para terras de sua majestade parecem-me sintomáticas...

Bobe disse...

A federação ganha visibilidade dando visibilidade ao CR

Joao Nuno Rodrigues disse...

No caso da Selecção Nacional, parece que há um vazio de referências. Ronaldo não foi escolhido por antiguidade.
Ronaldo como capitão pode não soar bem... No entanto, não vejo alternativas melhores.
Ricardo Carvalho é demasiado low profile. Simão não tem nível para tal. Bruno Alves é um trolha carniceiro, fica-lhe bem a braçadeira no Porto. Mas, não tem nível para a Selecção...

Sobre os clubes nacionais, no Porto não hesitaram em entregar a braçadeira a Lucho. Que foi um excelente capitão, com nível.

No Sporting, teríamos que recuar a Oceano, como um excelente capitão.

No Benfica, teríamos que recuar a Calado, um capitão perfeitamente identificado com o clube. E vice-versa.

PC Jr. disse...

Para mim capitão seria o P. Mendes.

CRonaldo - é marketing federativo mas de capitão tem pouco de facto.

Bernardo ON disse...

o capitão pode servir para várias coisas. Pode ser simplesmente alguém para unir e representar a equipa em campo. Pode ser alguém que seja um simbolo das virtudes que um treinador quer instigar nos jogadores. Etc.
A parte do "capitão de todo um povo", Raúl, não se aplica em Portugal porque (já) não temos essa cultura.
Conclusão final: a do João Nuno (bom comentário, a propósito, seu cabrãozinho), há realmente um vazio de referências.
Ronaldo é um golpe de marketing? Concerteza. É um unificador do grupo? Duvido. É o jogador (profissionalmente) mais respeitado por todos os outros? Provavelmente. É um egocêntrico e essa é uma caraterística contra-recomendada em capitães? Podes apostar nisso. É um pavão meio panaleirote? Claro, mas nesse sentido todos os outros da equipa querem ser como ele.

juvenal, o anormal disse...

o calado era roto. andava a comer o melão.
um bom capitão para o benfica, portanto. estão habituados a ser encavados.

Anónimo disse...

O calado, o gomes, carlos manuel... Paneleiros sempre houve na seleção.Tanta homofobia junta para que? Aposto que gostas de pila.

Joao Nuno Rodrigues disse...

Presumo que o caro anónimo esteja a falar do Calado, Nuno Gomes e Carlos Manuel...
Penso que é uma mera coincidência, estes jogadores terem sido capitães do benfica.

Cisto disse...

ahahah

Anónimo disse...

pois temos panaleiros mas os enrabados são sempre vocês.

Anónimo disse...

Pois de facto houve muitos gays no benfica, no entanto, os ENRABADOS são sempre vocês.

frederico disse...

Ninguém aqui refere que Ronaldo começou a ser capitão com Scolari. Agora resta saber se foi pressão da Gestifute, FPF ou sei lá quem.
Com o plantel actual eu concordo com o PC Jr. Pedro Mendes é, concerteza, a melhor figura para ser capitão.

Bobe disse...

já não é a 1ª vez que vejo neste blogue escrito "concerteza"... evitem erros ortográficos