Mourinho estará realmente a caminho do Real Madrid. Após deixar mais um marca, ou melhor três, do seu incrível talento para ganhar competições, Mourinho portou-se mal a gerir o processo. Sai de um clube com o qual renovou à menos de um ano (um ano depois de ter chegado), para um Real Madrid onde disse que iria treinar mas não tão cedo, insinua a sua saída antes da decisão da maior competição de clubes e quase a confirma a 100% na hora do festejo da vitória na mesma. O que fica cada vez mais claro é que os clubes que o contratem podem contar com duas coisas: primeiro, e mais importante, títulos; segundo, na visão de Mourinho, o clube e a sua equipa serão apenas figurantes na história que ele pretende criar na rota da sua glória pessoal.
Neste momento, duvido que os adeptos do Inter estejam muito preocupados com isto. Chegaram onde nunca nenhuma outra equipa italiana chegou: ao triplete.
Em Espanha o filme é diferente. Os espanhois não gostam muito de portugueses, isso já sabemos. Mas, pelo que se vê nos comentários nos sites dos jornais do país vizinho, também não gostam muito de Mourinho. Vejam por exemplo na Marca os comentários a esta notícia e a este artigo de opinião.
Não sendo obrigatoriamente os comentadores dos sites um universo representativo dos adeptos espanhois de futebol e do Real Madrid em particular, podemos reparar que Mourinho é acusado sobretudo de ser demasiado defensivo. O argumento que usam, que não é descabido, refere-se à saida de Cappelo. Tal como o português, um vencedor e um treinador focado mais nos resultados do que no espectáculo - isto segundo os espanhois. Os adeptos madridistas estão confusos sobre porquê a inversão para treinadores de espectáculo há três anos, para agora voltar à fórmula anterior. Dá também a sensação que o orgulho lhes doi com a chegada de um único homem que, nos dias que correm, parece ter um perfil mais destacado do que o seu clube, que consideram o maior do Mundo. Arriscaria também dizer que o facto de o Barcelona estar a ganhar com um jogo muito atraente os deixa na ânsia de os superar no seu próprio estilo.
Os adeptos espanhois parecem estar a ignorar dois aspectos fundamentais. Para começar, os treinadores-espectáculo que o Real Madrid teve nas últimas três épocas não deram assim tanto espectáulo. Este ano, tiveram mais pontos do que da última vez que foram campeões mas, do que assisti, alimentados por fogachos de génio individual e não por bom futebol. Quanto ao segundo ponto... Mourinho não pôs sempre as suas equipas à defesa. O Porto em Portugal tinha um futebol interessante e na Europa tornava-se cínico apenas com equipas que lhes pareciam mais poderosas (ex. Man Utd). O Porto de Mourinho partilhou com o Chelsea do primeiro ano um futebol de gestão de posse de bola acima de tudo - posse a atacar e posse a defender. No segundo ano de Chelsea os processos ficaram mais directos, mas, ainda assim, longe de ser uma equipa defensiva. No terceiro, era um Chelsea incaracterístico com um Mourinho aparentemente amuado com o seu presidente que insistiu em lhe impor Shevchenko em vez de um central.
No Inter, houve realmente a expectativa frustrada de que ia mudar o futebol italiano da mesma forma que mudou o inglês. Mas venceu.
Os adeptos do Madrid poderão realmente estar à beira de um ano de futebol estratégico e pouco vistoso, mas não o tomaria como garantido. Ainda que se confirme essa previsão, não sei se lhe darão muita importância caso consigam destronar o aparentemente imbatível Barcelona.
Mourinho, por sua vez, vai entrar numa trituradora de treinadores que supera o Benfica. Terá de ganhar à primeira, será provocado em todos os campos de Espanha e provavelmente nunca o futebol vizinho quis tanto ver alguém a falhar.
O futebol ficará a ganhar se Guardiola se revelar o vencedor. A sua equipa é um espectáculo, em qualquer sentido, e ele é forte, humilde e educado. Mourinho é como um Napoleão, obcecado com a sua própria glória e convencido de que tem que fazer barulho constantemente para ser levado a sério. Para ele o Real Madrid é um meio para um fim. Florentino Perez sabe ao que vai e não parece importar-se. Veremos como se dará com Ronaldo.
2 comentários:
partilho integralmente a tua opinião
Os clubes podem ser figurantes, mas no fim tb ficam a ganhar. Win-win!
E o Guardiola pode ser mta coisa, mas nca ganharia o q o Mourinho já ganhou nos clubes por onde passou. Viu-se bem como o Mourinho ganhou nas meias finais c uma equipa "não-espectacular" reforcada c os restos de Barcelona e Real...
O futebol n são só golos nem Messi fintinhas...eu gostei de ver a inteligência do jogo do Inter a parar um espectacular Barcelona q só teve uma oportunidade de golo a jogar c mais 1 em campo...
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