18.6.10

Espanha-Suíça, ou porque discordo várias vezes do Entre10

Um dos melhores jogos que vi neste mundial até ao momento foi o Espanha-Suíça. Provavelmente mais antagonismo entre duas equipas não poderia haver: de um lado uma Espanha recheada de jogadores talentosos, na faixa etária ideal, habituados a ganhar e a jogar em conjunto (em suma uma das favoritas deste torneio); do outro uma equipa de um país com reduzida tradição de futebol, cujos atletas, individualmente, dificilmente teriam lugar no pior clube da La Liga.

É evidente que a emoção maior do futebol está na construção do golo, e que defender é mais fácil do que atacar: não há que gastar muitas energias em sublinhar essas coisas. Mas refutaremos o facto de ser mais fácil atacar com 3 Iniestas do que com 3 Barnettas? Talvez não. E diremos que defender bem contra uma Espanha (ou um Barcelona) é coisa propriamente fácil? Segundo os autores do Entre10 a resposta é definitivamente não: tudo é apenas uma questão de sorte - o que se pode dizer é que a razão para a Espanha não ter vencido os suíços, mais do que ter sido a estratégia dos helvéticos, foi o simples acaso.

Ora, não vimos o mesmo jogo, de certeza. A organização defensiva dos toscos de Hitzfield não se reduziu a 10 homens atrás da bola: o posicionamento dos jogadores em momento defensivo foi, na grande maioria dos casos, quase perfeito e consequência certamente de muito treino e acertada e atempada leitura de jogo; sem ceder às precipitações da emoção, marcou-se à zona em quase todo o tempo e aquilo que o mundo tinha visto dos ibéricos frente à Polónia tornou-se numa quase miragem. Na verdade, todos os lances de real perigo da Espanha não resultaram dos toques rendilhados, das trocas de bola curtas e rápidas (relembre-se o lance do Piquet, fruto de uma insistência após um cruzamento sem perigo; Iniesta com um belo remate em arco à entrada da área, após alívio defeituoso - fez o que pode - dum jogador suíço; a bola na trave do Alonso, na sequência de um canto inteligente e rapidamente cobrado) e isso foi claramente porque a Suíça não o permitiu. Mas não foi uma equipa helvética fisicamente poderosa e com uma atitude bélica que se viu a defender; pelo contrário, estes jogadores demonstraram níveis de concentração acima da média, e de todas as vezes deram prioridade ao intelecto ao invés da emoção, atitude ou músculo.

O argumento (falacioso) é simples: se todos jogassem como a Suíça jogou, ninguém via futebol. Mas é claro que se todos jogassem da mesma maneira que o adversário (e acredita-se genuinamente que estes jogadores suíços poderiam alguma vez jogar da mesma forma que os espanhóis?), metade da piada deste jogo não existia, na minha opinião.

4 comentários:

Joao Nuno Rodrigues disse...

A equipa da Suiça já não são 10 coxos e o Chapuisat na frente...

Têm jogadores extremamente interessantes e um excelente Seleccionador.

Um guarda redes como Diego Benaglio é meio equipa. Os 3 grandes estavam a dormir, a cada jogo que este jogador fazia pelo Nacional...

A Suiça ganhou em 2009 o Campeonato do Mundo de sub17. Estou curioso com a evolução dos seguintes jogadores Suiços, os quais ainda não foram internacionais A.
Seferovic, 18 anos, origem Bósnia, assinou pela Fiorentina.
Khalifa, 18 anos, origem Tunisina, assinou pelo Wolsburgo.
Siegrist, 18 anos, origem Suiça, assinou pelo Aston Villa.
André Gonçalves, 18 anos, origem Portuguesa, joga pelo Zurique.
Kasami, 18 anos, origem Macedónia, assinou pelo Palermo.
Ricardo Rodriguez, 17 anos, origem Espanhola, joga no Zurique.

A globalização está cada vez mais presente no futebol.

Cisto disse...

permite-me que discorde. nao sigo torneios sub 19 e acredito nas tuas palavras em relacao ao futuro do futebol nesse pais. No entanto, os jogadores que jogaram contra a Espanha mostraram ser tecnica e fisicamente pobres, mas belissimamente bem orquestrados.

Joao Nuno Rodrigues disse...

Cisto,
A Espanha é bastante superior à Suiça.
O futebol Suiço tem-se vindo a desenvolver. Actualmente tens vários jogadores em campeonatos competitivos com o Inglês, Italiano e Alemão.
Concordo com a limitação técnica e com o facto de estarem bem montados. Discordo do facto de serem pobres fisicamente.

Para além do Benaglio, gostei muito do Ziegler, Barnetta, Inler, Derdiyok e do Fernandes.

Cisto disse...

Oh JNR eles viram-se ah rasca, fisicamente, em todas os movimentos ofensivos, como se estivessem a jogar em lama. O golo foi assim,, a bola ao poste tambem. Os Espanhois ao lado deles pareciam ter doping