A vaca da selecção e as reais culpas de Scolari no emagrecimento desta

Primeiro que tudo, esclareço que esta vaca que me refiro não é a sorte, até porque essa nunca foi tão grande como em tempos de Felipão. A vaca de hoje é a vaca que Queirós quer alimentar para o leite não secar: «Fechar o grupo podia ser fatal a médio/longo prazo. Se nos sentarmos a beber o leite durante dez ou quinze anos e ninguém der de comer à vaca, o leite vai acabar por secar e a vaca morre.» Afirmação com conceitos zootécnicos que serve de alfinetada a Scolari, por este ter um grupo fixo. No entanto, gaúcho que se preze também entende de gado e ao contrário de Queirós, Scolari raramente deu fast food à selecção.

Mas será culpa de Scolari o constante emagrecimento de número de bons jogadores na selecção? Ao contrário de Queirós, Scolari chega ao futebol português em plena liberalização do número de estrangeiros e teve a sorte de ter tido simultaneamente no FCPorto um Mourinho que apostou no jogador português, a isso juntou ainda alguns jogadores da tal "geração de ouro" e o aparecimento de Cristiano... teve sorte... teve vaca...

Entretanto, os clubes portugueses têm vindo a deixar de apostar nos jogadores portugueses e cada janela de transferências demonstra isso. E isto não acontece apenas nos séniores, todos os escalões já têm estrangeiros. Boa política ou não, uma coisa é certa a selecção ressente-se.

Outros países agora à nossa frente, a nível de selecções, têm nos seus campeonatos, clubes que continuam a apostar no jogador nacional.

Verdade seja dita, o Sporting é actualmente o único clube que faz uma aposta consistente, mas talvez apenas por não ter dinheiro ou crédito na banca, porque quando compra também vai lá fora.

Conclusão1: é difícil ser-se competitivo, caso os clubes queiram continuar com esta política. Se se quer mudar o panorama actual só será possível através de uma estratégia conjunta.

Conclusão2: Queirós deveria perceber isso e convocar um lote bem + reduzido e cingir-se aos poucos bons jogadores que temos, de preferência sem adaptações mirabolantes. Mais vale uma vaca elegante, que uma vaca gorda e com problemas cárdiovasculares.