Estou a assistir ao Académica Guimarães e decidi finalmente abrir um capítulo que sempre quis tratar nos monos: a abordagem a clubes, jogadores e treinadores fora da ribalta monopolista dos 3 grandes.
Vi com interesse o jogo anterior da Académica contra o Porto. O talento escasso, os movimentos emperrados e, no entanto, uma vincada intenção de mostrar processos que parecem emanar de ideias do novo treinador. À semelhança dos dois anos de Porto e primeiro de Chelsea de Mourinho, a Académica de André Vilas Boas parece procurar o futebol apoiado em movimento com uma preocupação permanente de, quando em posse de bola, ter os jogadores organizados de modo a que o portador tenha sempre duas linhas de passe fácil - os chamados triângulos. Sendo a Académica uma equipa menos ambiciosa do que as citada acima e, neste momento, extremamente carente de talento, este processo começa quase sempre por um passe recuado do recuperador da bola para o jogador mais próximo que esteja de frente para o adversário. Tal permite duas coisas imediatas: maior critério na construção e alguns segundos preciosos na transição da equipa da posição defensiva para ofensiva. Ao mesmo tempo, permite à Académica manter as linhas mais recuadas quando a defender (o que é critico devido à debilidade dos jogadores mais recuados), sem ter que abdicar da intenção ofensiva. Este principio de jogo tem-se revelado tão eficiente que existe alguma qualidade de jogo nesta briosa em que o escasso talento mora quase sozinho nos pés de Lito. João Ribeiro e Tiero são no entanto as verdadeiras personificações do esquema, com muita vontade, pragmatismo e irreverência a compensar deficiências tácticas e técnicas.
Não sei se os adversário vão continuar a permitir o funcionamento desta estratégia mas estes dois jogos interessantes já ninguém lhes tira, nem a minha vontade de assistir ao próximo jogo. Estou até curioso para ver quanto tempo se manterá a titularidade do trapalhão Rui Nereu, na minha opinião um mini acto de chicotada psicológica.
P.S. Sei bem que é tentador elogiar à partida os delfins de Mourinho (apesar de nenhum ter dado a tal grande reforço positivo) mas, pelo menos por enquanto, acho que o jovem treinador da Académica merece.
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