José Eduardo Bettencourt (JEB) fala demais. Fala todas as semanas, às vezes mais do que uma vez por semana. E quando se fala demais, ou se corre o risco de se repetir, ou então de se contradizer.
Já teve frases infelizes como “vou ganhar menos que o Abel”, “só conseguimos contratar jogadores que são terceiras ou quartas escolhas” (um atestado de incompetência aos que são contratados), “ so não quero a Fiorentina” (e sai a Fiorentina no sorteio), entre outras.
Mas o rol de disparates continua. Na conferência de imprensa de demissão de Paulo Bento, a certa altura, JEB diz qualquer coisa como “Acho que o Paulo Bento vai ficar 'forever' no coração dos sportinguistas. Por enquanto vão ser 90%, em pouco tempo serão 100%”. Basicamente JEB já está a dizer à laia de Cavaco Silva “quem depois de Bento virá, de bom Bento fará”, ou trocando por miúdos, o próximo técnico não terá mais sucesso que Bento.
Depois de utilizar algumas expressões que não me parecem adequadas a um presidente do Sporting, em diversas declarações públicas (termos calões), na conferência de imprensa de hoje, JEB teve mais uma expressão de baixo nível “corno”, uma expressão um tanto ao quanto xenófoba “próximo técnico será do sexo masculino e caucasiano”, e ainda tirou o casaco, crescendo para um sócio. Isto para não falar da lágrima ao canto do olho enquanto falava. Eu percebo que um líder chore de alegria quando conquista algo junto dos seus. Agora um líder vir chorar num momento difícil, que exemplo dá aos que o seguem? Que isto é uma fatalidade, que está tudo perdido, e o timoneiro está profundamente abalado e sem forças?
JEB tem ainda outra obsessão: compara sempre o Sporting com o Benfica, quando no início da época disse que teríamos que olhar para o FC Porto, esse sim, o clube que nos tinha ficado à frente quatro vezes. A obsessão é tão grande que já chegámos ao ridículo de o ver dizer mal do fundo de jogadores do rival e na mesma semana dizer que até poderia ser uma solução para o Sporting. Se JEB quer citar e aprender algo com o Benfica, veja o que ganhou o Benfica enquanto Luís Filipe Vieira falava a toda a hora. Veja como começou a ganhar quando se calou e deixou falar o director desportivo. E veja também como voltou o Benfica a perder quando o presidente falou na semana de Braga. É bom aprender com os erros, sobretudo se for com os erros dos outros.
Sinceramente, acho que não me lembro de um presidente que tivesse ganho de maneira tão avassaladora umas eleições, recolhido tamanhos apoios, mas que em apenas quatro meses se tenha desgastado tanto por tão pouco como JEB. Frases infelizes, declarações patéticas e desfasadas do tempo, atitudes inqualificáveis para alguém que teve uma educação acima da média, foi administrador de um dos melhores bancos do mundo, que já esteve no futebol numa posição mais resguardada e que até por isso já devia estar calejado. Tudo isto seria atenuado, não tivesse JEB um assessor de imprensa ou de imagem, de seu nome António Duarte.
3 comentários:
boa analise. tenho apenas a dizer que JEB tem sido congruente nas parvoices. di-las desde que assumiu a candidatura. e no entanto a malta nele votou. a questao e': que malta foi essa?
Excelente análise. Concordo com tudo. Nos próximos tempos o JEB deveria estar calado... Só saem disparates. Fala sempre como um adepto...
Nas últimas semanas tenho refutado muitos dos que pedem a cabeça do presidente do SPorting, quando ainda só passaram uns meses desde a sua eleição por números avassaladores.
No entanto, acho que o sr. perdeu a cabeça. A última evidência a abertura, no final da última semana, da caça às bruxas dos sportinguistas que pretende correr do clube. Esta perseguição pública, somada à repetição da palavra terrorismo não só o fazem cair no rídiculo, como abrem um clima de hostilidade e suspeição dentro do clube que só um "terrorista" pode arquitectar.
Com o episódio do "vou-me a eles", e os erros grosseiros de politica desportiva, resta perguntar: como vai o Sporting clube?
Se a resposta for "igualmente mal", só vejo dois caminhos para JEB: ou faz uma inversão rápida e esclarecida das suas politicas ou põe o rabinho entre as pernas e volta para o mundo da banca.
Uma última palavra para um tema que quero abordar aqui em breve. Seja qual forem os erros de Bettencourt, Pedro Barbosa, Ribeiro Telles e Paulo Bento, choca-me a falta de civilidade com que a oposição é conduzida. Não sei quem estipulou que no futebol as regras sociais e de boa educação estão suspensas mas gostaria de trocar um par de palavras com os responsáveis.
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