Vi anteontem o melhor jogo que a nossa Selecção fez desde nos ultimos 5 anos. Isto poderá parecer exagerado, tendo em conta que não foi um nível exibicional espectacular, dificilmente comparável, talvez, com aqueles jogos contra a Espanha ou Inglaterra de 2004, pulsantes de emoções.
Resumindo: Queiroz há ano e meio atrás encontrou uma equipa em claro sentido descendente, desestruturada. Lutou num grupo muito mais difícil que os anteriores. Tem manisfesto azar nalgumas partidas, especialmente se compararmos com a era Scolari. E, por ironia do destino, até chega ao playoff com alguma sorte, imediatamente exponenciada pela comunciação social.
Este último jogo foi o melhor jogo que vi de Portugal nos último anos porque os níveis de concentração foram elevadíssimos. Não se concedeu uma chance que fosse a um adversário que, embora mais fraco tecnicamente, esteve em destaque ao longo da qualificação e encontrava-se determinadíssimo, até por razões históricas, a passar esta eliminatória. Não houve uma perda de bola inusitada. Não houve uma falha de marcação. E só não marcámos mais porque os nossos jogadores não são muito bons - encaremos de uma vez por todas que o Tiago nao é muito bom; que o Nani é um optimo suplente mas nao tem a constancia necessaria ao longo do jogo para ser um forte candidato ao lugar do Figo; que o Duda nao é defesa esquerdo; que o Pepe nao constroi jogo; que o Simao é uma sombra do que foi no Benfica ou Sporting. Conseguimos assim uma vitoria indiscutivel em casa de um temivel adversario.
O que me leva à questão mais pertinente: será que Scolari alguma vez esteve preocupado com a sucessão daqueles jogadores? Será que ao insistir em jogadores talismã como o Ricardo ou o Pauleta ou mesmo o Paulo Ferreira estava a planear o futuro? Alguém o viu a analisar as selecções jovens? Será que Queiroz tem mesmo razão quando diz que o seu antecessor não passou o testemunho?
Com estes níveis de concentracao, esta vontade, podemos fazer um Campeonato do Mundo que não envergonhará ninguem. Mas vai ainda levar muito tempo até voltarmos a ter uma das melhores equipas do mundo, e não ha como não concordar com Queiroz quando este diz que precisa de tempo.
Mas recapitulemos um pouco o trajecto de Portugal nos últimos anos.
Após a euforia 2004, em que jogamos francamente bom futebol, pontuado por golos incríveis, seguiu-se uma qualificação para o Mundial 2006 normal, num grupo facílimo. No Mundial, calhámos com Irão, Angola e Mexico. Vencemos os jogos pela margem mínima, com sofrimento qb. Batemos depois uma Holanda ainda longe dos seus bons velhos tempos (1-0) e empatámos com a Inglaterra a zero, Rooney expulso, vencendo o jogo nas grandes penalidades.
Na qualificação para o Europeu de 2008, a fraca qualidade exibicional acentou-se. Empatámos seis jogos, nomeadamente com Arménia, Sérbia a Finlândia. No Europeu propriamente dito, foi preciso Pepe marcar um atabalhoado golo para que o contentamento surgisse entre nós. A derrota contra a Suíça por 2-0 sugeriu logo o desfecho seguinte - a Alemanha arrasou-nos, como quem corta as unhas a um reformado senil.
Não estou aqui a dizer que ganhar à Turquia (que chegou nesse ano às meia finais) ou perder com a Alemanha, seja pouco dignificante para o futebol português, e há-de vir alguém dizer que ficámos foi mal habituados a seguir ao Euro 2004.
Mas, vejamos, a equipa que tínhamos em 2004: jogadores como Nuno Valente, Jorge Andrade, Miguel, Costinha, Maniche, Deco, Petit e Hélder Postiga atingiram o auge das suas carreiras. Figo, Rui Costa, Nuno Gomes, mesmo de saída, revelaram-se essenciais. Ricardo Quaresma era uma opcao valida, assim como Cristiano Ronaldo, a despontar vertiginosamente e ainda contido de ego.
Poderão refutar dizendo que não é coincidência o facto de estes jogadores terem atingindo o auge precisamente com o Scolari, sugerindo que a força motivacional deste é capaz de levantar um morto. S-sim, mas... analisando o que estes jogadores fizeram nos seus clubes antes e após 2004, conclui-se que o auge nao ocorreu apenas na Selecção. Desde entao, aqueles de quem esperavamos feitos extraordinarios tem vindo a desiludir. Quaresma tornou-se num falo impotente, Simão muito ocasionalmente tem bons apontamentos mas mais frequentemente mostra-se com pouca pujanca e fraca capacidade de finalizacao e Cristiano depara-se com uma equipa fraquinha, meio desesperada por lhe passar a bola, onde os expoentes surgem agora dos atributos fisicos de gente como Bruno Alves (provavelmente o jogador mais importante desta qualificacao e isso diz tudo). Já assim era nos últimos anos Scolari.
Poderão refutar dizendo que não é coincidência o facto de estes jogadores terem atingindo o auge precisamente com o Scolari, sugerindo que a força motivacional deste é capaz de levantar um morto. S-sim, mas... analisando o que estes jogadores fizeram nos seus clubes antes e após 2004, conclui-se que o auge nao ocorreu apenas na Selecção. Desde entao, aqueles de quem esperavamos feitos extraordinarios tem vindo a desiludir. Quaresma tornou-se num falo impotente, Simão muito ocasionalmente tem bons apontamentos mas mais frequentemente mostra-se com pouca pujanca e fraca capacidade de finalizacao e Cristiano depara-se com uma equipa fraquinha, meio desesperada por lhe passar a bola, onde os expoentes surgem agora dos atributos fisicos de gente como Bruno Alves (provavelmente o jogador mais importante desta qualificacao e isso diz tudo). Já assim era nos últimos anos Scolari.
Resumindo: Queiroz há ano e meio atrás encontrou uma equipa em claro sentido descendente, desestruturada. Lutou num grupo muito mais difícil que os anteriores. Tem manisfesto azar nalgumas partidas, especialmente se compararmos com a era Scolari. E, por ironia do destino, até chega ao playoff com alguma sorte, imediatamente exponenciada pela comunciação social.
Este último jogo foi o melhor jogo que vi de Portugal nos último anos porque os níveis de concentração foram elevadíssimos. Não se concedeu uma chance que fosse a um adversário que, embora mais fraco tecnicamente, esteve em destaque ao longo da qualificação e encontrava-se determinadíssimo, até por razões históricas, a passar esta eliminatória. Não houve uma perda de bola inusitada. Não houve uma falha de marcação. E só não marcámos mais porque os nossos jogadores não são muito bons - encaremos de uma vez por todas que o Tiago nao é muito bom; que o Nani é um optimo suplente mas nao tem a constancia necessaria ao longo do jogo para ser um forte candidato ao lugar do Figo; que o Duda nao é defesa esquerdo; que o Pepe nao constroi jogo; que o Simao é uma sombra do que foi no Benfica ou Sporting. Conseguimos assim uma vitoria indiscutivel em casa de um temivel adversario.
O que me leva à questão mais pertinente: será que Scolari alguma vez esteve preocupado com a sucessão daqueles jogadores? Será que ao insistir em jogadores talismã como o Ricardo ou o Pauleta ou mesmo o Paulo Ferreira estava a planear o futuro? Alguém o viu a analisar as selecções jovens? Será que Queiroz tem mesmo razão quando diz que o seu antecessor não passou o testemunho?
Com estes níveis de concentracao, esta vontade, podemos fazer um Campeonato do Mundo que não envergonhará ninguem. Mas vai ainda levar muito tempo até voltarmos a ter uma das melhores equipas do mundo, e não ha como não concordar com Queiroz quando este diz que precisa de tempo.
2 comentários:
Até posso concordar em que este jogo foi melhor que os restantes, mas sem dúvida a exibição foi muito fraca. O campo era miserável, mais parecia um campo de batatas. No entanto acho que houve muitas perdas de bola, muitos passes falhados e concentração apenas defensiva, dado atacante houve muita "fusanguice" por parte de alguns. Ainda assim, sofremos para conseguir estar lá. Agora que estamos, espero não levar 6 do Brasil como no ano passado.
http://forumbenfica.blogspot.com/2009/11/seleccao-de-quem-carlos-queiroz-quiser.html
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