Um equilíbrio esquisito

Sem dúvida de que o Sporting se encontra neste momento longe da era PB. Sem dúvida também que está ainda longe do nível do, por exemplo, Braga. A equipa minhota encontra-se fortíssima, especialmente a nível defensivo, revelando equilíbrio e velocidade na transição para o ataque. A sorte fez também que no único desequilíbrio criado dentro da área do Sporting, Paulo César (à semelhança do que tinha feito em Alvalade para a Taça da Liga) tenha, num remate medíocre, marcado um golo . Mas foi uma equipa esclarecida, madura, que na maioria das vezes soube o que fazer à bola.

Justamente isso não aconteceu muito com o Sporting, que pareceu sofrer de um problema na transição ofensiva. Este jogo demonstrou que, contra uma equipa bem organizada defensivamente, nem o Veloso nem o Izmailov sao capazes de contribuir para a profundidade ofensiva da equipa. Destes, quem ficar do lado esquerdo, queima-se ainda mais, devido à gritante incapacidade do Grimi (este jogador entra sempre à queima, não acerta um passe que não seja para o Daniel Carriço, chuta a bola como se estivesse a jogar ao mata). Isto levou a que jogadores como Saleiro e Liedson tivessem eles próprios de abrir nas alas com frequência, o que não seria perturbante se fossem perigosos por essas paragens - Liedson geralmente decide mal fora da área e Saleiro é bom rapaz, mas lento e tecnicamente fraco.

Outra coisa que faltou no Sporting foi um bocado de qualidade no último passe. Até o João Pereira, que ofensivamente tem estado a bom nível , de repente parece que se esqueceu de como se cruza como deve ser.

Carvalhal no entanto surpreendeu-me outra vez ao demonstrar pouca audácia nas substituições, que tardaram, empurradas para os últimos 20 minutos, como quem esteve a espera que o Braga começasse a dar mais iniciativa do jogo ao adversário. Confesso que aqui me pareceu que teria sido importante no inicio da segunda parte tirar o Grimi, deixando o Veloso a fazer a ala - aí sim ele dá profundidade, deixando o Adrien para dobrar a esquerda e o Matias (que entrou bem) para ocupar os espaços do Veloso. Substituição à Paulo Bento, dirão, mas que resulta (a ausência de um lateral esquerdo em condições assim o dita).

Não podendo ter Liedson ou Saleiro a abrir ocasionalmente nas alas, parece-me evidente que não formam a melhor dupla atacante do Sporting. Saúda-se a entrada de Djaló, que dinamizou o jogo. Quanto a Pongolle...

Uma nota para a arbitragem caseira de João Ferreira, que avisou Veloso a dada altura que ele ja tinha feito duas faltas e não toleraria mais nenhuma. Se houver uma regra para o número de faltas cometidas, agradecia que me avisassem. Incompreensível o numero de decisões "ao contrário" que teve durante algumas disputas de bola, nomeadamente quando Liedson era abalroado.

Deixo finalmente algum cepticismo à contratação de Pedro Mendes, nao pela sua qualidade futebolística (que é apreciável), mas sobretudo ao que irá acrescentar a equipa. Não vejo um Adrien incompetente, pelo contrário. Veloso e Moutinho podem perfeitamente ocupar esses espaços. Fixando o Izmailov no centro (onde ele pertence) resta ainda menos espaço para um jogador que tera a titularidade garantida (o contrario aborrecê-lo-á muito). Que viesse de lá o André Santos para garantir uma alternativa a Adrien. Do que o Sporting precisa é de profundidade nas alas, caramba.