6.6.10

Juniores: Sporting vs Benfica

Sempre achei graça a ver jogos das camadas de formação. Supostamente estão ali futuros jogadores que veremos nos melhores palcos do país e é futebol num estado um pouco mais puro.
Hoje aceitei o convite de um amigo sportinguista e lá fomos ver as nossas equipas jogar uma contra a outra no Estádio de Alvalade. Esta pequena amostra deu-me várias indicações, infelizmente a maioria negativas.
(1 - público)
Comecemos pelo positivo. Havia bastante gente na bancada aberta e, sobretudo, homens e mulheres, familias, crianças, idosos...
Por outro lado, vários dos pais que ali levaram os filhos devem ter-se de algum modo arrependido quando foram expostos a uns bons 10 minutos (no total) de cânticos dos NN Boys que apenas alternavam entre "a p... da vossa mãe" e "o panel... do vosso pai". O grupo de cerca de 40 elementos da claque do Benfica começou aliás a sua exibição no exterior quando, mesmo à minha frente, e sem qualquer estimulo externo, decidiram criar arruaça logo à chegada, provocando um sentimento de ameaça física em todos os que aguardavam para entrar no estádio. É interessante que este pequeno grupo conseguiu elevar as vozes acima de todos os sportinguistas no estádio e uma pena tremenda que não o façam dedicados apenas a puxar pelo Benfica.
(2 - estrangeiros na formação)
No campo, vários jogadores estrangeiros, um sinal recente dos tempos no futebol formação, nenhum dos quais parecendo acrescentar muito ao nosso futebol senão centímetros, e mesmo estes desaproveitados. Sinceramente, parece-me mais importante formar melhor os jogadores que temos do que gastar energia neste tipo de recrutamento precoce.
(3 - avaliação geral)
Vêem-se a olho nu várias deficiências em técnicas e movimentos básicos como recepção, remate, cabeceamento, desmarcações, etc... Ao mesmo tempo, pouquissimos jogadores indiciaram capacidade física para competir ao nível sénior. Há alguns anos que não via um Benfica júnior tão desinteressante. O Sporting também esteve bastante abaixo de anos anteriores mas, ainda assim, parece ter jogadores mais promissores.
(4 - alguns destaques individuais).
Renato Neto, que já tem estado com os séniores dos verdes e brancos, não é um destes. Jogador apático e trapalhão, só se destacou pela altura. A outra torre, Amido Baldé, é ainda mais trapalhão e conseguiu falhar um ocasião incrível.
O outro Renato, Santos de apelido, é um extremo interessante que combinou bem durante a primeira parte com o lateral direito Cédric, claramente um dos melhores talentos em campo (precisa de aperfeiçoar o cruzamento). Luis Almeida, o médio mais recuado, foi de longe o jogadore que mais mostrou no estádio de alvalade. Baixo mas ágil, sem mostrar grandes virtudes técnicas mas muito certo, rápido e inteligente na distribuição de bola, não precisou de correr muito para recuperar imensas bolas, tanto em corte de passes como num talento impressionante para o desarme aos adversários.
No Benfica, o cenário é deprimente. A equipa organiza-se num 442 bizarro que parece querer ser em losângulo mas acaba em confusão completa e todos os jogadores ficam longíssimo uns dos outros. O Nº10, Camará, é uma fraca desculpa de jogador. Sempre em futebol curto, investe em inúmeras simulações que atrapalham mais a própria equipa do que o adversário. Fágner Soares é um trinco caceteiro a quem não vi um único corte legítimo e teria sido expulso por um árbitro menos condescendente. Rafael Costa é um ala alto que esteve nos dois golos mas não impressionou. Sem entusiasmar, os melhores foram o (1) guarda-redes Douglas Pires que esteve quase sempre muito bem, tirando numa falhanço horrivel na saida a um cruzamento fácil; (2) o lateral direito Diogo Figueira esteve sempre muito certinho; e (3) Roderick Miranda pareceu demasiado confiante mas é claramente um jogador acima da maioria dos seus colegas.
Os golos não tiveram grande história embora o último tenha sido bonito. O primeiro aconteceu num canto e de uma forma normal. No segundo, Rafael Costa aproveitou o enorme espaço que lhe deram na cabeça da àrea para escolher um lado e atirar em arco, sem hipótese para o guarda-redes.
(5 - DEformação)
Futebol de formação é... futebol de formação. A parte competitiva serve apenas nesse processo e não como um fim em si. É por isso chocante a complacência (e até provável incentivo) de Diamantino Miranda perante o anti-jogo dos jovens benfiquistas nos últimos 20 minutos do jogo (quando ganhavam por 1-0).

9 comentários:

Joao Nuno Rodrigues disse...

Assino por baixo, excelente texto.

Destaco também o lateral esquerdo do Benfica, Mário Rui. Pareceu-me um jogador certinho e com bons pés.

Não me recordo de ver um derby em juniores, tão fraco a nível de talento individual de jogadores.

Ou são anões com técnica, ou gigantes com dois tijolos nos pés...

kARKOV disse...

Eu também fui ver o jogo e ouvi com bastante insistência a célebre canção, cantada pelos adeptos do Sporting: SLB, SLB, f.d.p, SLB... não ouviu? Estranho!
Quanto ao anti-jogo... O Benfica que está a ganhar controla o jogo, assumindo uma postura mais defensiva e isso é vergonhoso para o Diamantino; O Mourinho fez anti-jogo completo em Barcelona e em Madrid com o Bayern e é um mago da táctica, um predestinado...
Talvez seja melhor quando fores ver um jogo de futebol, levares a vuvuzela e deixares as palas em casa...

Cisto disse...

talvez seja relevante o kARKOV saber do benfiquismo do nosso companheirop Bernardo.
Mas, Bernardo, confesso a minha ignorância em relação às camadas jovens, mas parece-me arriscado fazeres um retrato com base num jogo apenas...

Cisto disse...

quem lê o teu texto e este (http://bancadanova.blogspot.com/2010/06/evolucao.html) fica banzado

João da Ega disse...

Karkov,

Jogar defensivamente não é anti-jogo e isso não é criticado em nenhuma parte do post.

A maca ter de entrar 4 vezes nos últimos 20 minutos para socorrer jogadores do Benfica, sim, é anti-jogo. E devia deixá-lo envergonhado.

Bernardo ON disse...

kARKOV, ouvi sim os cântigos de fdp slb e reprovo-os mas foram executados com bastante menos insistência.
O anti-jogo de que falo não é a adopção de uma postura defensiva mas sim um conduta anti-desportiva de interrupção e atraso do jogo com quedas permanentes, demoras incompreensíveis na reposição de bola, pés literalmente a arrastar nas substituições, etc. Por certo nunca me ouviu ou leu a defender esse comportamento no Mourinho ou qualquer outro treinador. Além disso, repito que a minha objecção foi acrescida por se tratar de futebol de formação (acho que esta palavra é inequivoca).
No que toca às suas menos que simpáticas sugestões, prefiro defender um bom futebol do que desculpar as falhas do meu clube nos erros dos outros.
Cisto, foi obviamente só um jogo e as conclusões referem-se ao que foi possível observar no mesmo. Tentei por isso cingir-me a expressar aquilo de que me pareceu ter evidência suficiente para emitir opinião. Ainda assim, obviamente, mais jogos poderiam levar a ajustes em algumas considerações aqui expostas.
Em relação ao artigo da bancada nova, vejo mais uma abordagem diferente do que uma dissonância significativa na visão do que foi o jogo

Bobe disse...

"Em relação ao artigo da bancada nova, vejo mais uma abordagem diferente do que uma dissonância significativa na visão do que foi o jogo" - LOL...

WTF?!

Anónimo disse...

Blog muito bem estruturado!

Tambem tenho um sobre futebol, se houver interesse podemos trocar links:

www.portuguesesnoestrangeiro.wordpress.com

Unknown disse...

Jogadore?!?! Meu Deus... Jogadore (?!?!?)